segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Mucuripe ferve com rock colorido

Eles eram adolescentes, curtiam rock e não poderiam estar em outro lugar no último sábado que não o Mucuripe Club: lá aconteceu o Fortaleza Mix Festival, que reuniu NX Zero e Restart, duas das maiores bandas do momento. “Onde está o Restart?”, “Tu realiza meu sonho? É tirar uma foto com o Gê Rocha, do NX Zero”, “Você tem acesso às bandas?” foram algumas das perguntas que ouvi, durante a cobertura do evento. Os fãs queriam ver os ídolos de perto.








O festival começou ainda à tarde, com show dos cearenses da Arsenic. Já com casa cheia, eles conseguiram conquistar o público e arrancar gritos e suspiros das garotas. A atração seguinte, a capixaba Rajar, já tocou à noite, para uma galera que não aguentava mais de ansiedade para ver os grandes shows. Mal a Rajar saiu do palco, já começaram a gritar “NX! NX! NX!” e a correr para a frente do palco.







A galera que compareceu ao Mucuripe era bem heterogênea. À primeira vista, era possível separá-la em duas categorias: a dos coloridos, que seguiam a moda Restart, da camiseta verde-limão ao tênis rosa-choque, e a dos xadrezes, fãs do NX Zero que usavam cores sóbrias e peças com estampa xadrez, às vezes um bonezinho. Entre eles, mais divisões. Muitos dos que gostavam de Restart eram bem mais novos; tinha muita criança e pré-adolescente. A maior parte dos fãs de NX Zero eram adolescentes mais velhos, com seus 17 anos, e até adultos. E tem mais: quem era fã do Restart dizia que gostava também de NX Zero. Já os fãs do NX Zero faziam questão de afirmar que o eram e ponto.







Di Ferrero e sua turma começaram exatamente às 20 horas, com Só Rezo. Banda afiadíssima, som alto, uma pancada. No palco, o NX Zero é ótimo. Toca uma música atrás da outra e consegue dar à apresentação uma dinâmica incrível, passando de momentos bem pesados a um duo voz e violão com Di e Gê (eles tocaram Só os Loucos Sabem, de Charlie Brown Jr.). Mas o momento catártico da noite foi quando a banda convidou o magrinho Pe Lanza, vocalista do Restart, para dividir o palco. Cantaram juntos Espero a Minha Vez, e foi sensacional ver duas gerações do emocore unidas. “Esses moleques são demais, merecem muito o sucesso que estão fazendo”, disse Di. O show continuou com mais sucessos e encerrou com o hit Razões e Emoções.







Assim que o NX se despediu, a massa de xadrez esvaziou o Mucuripe. Cerca de um terço do público deixou o local antes do Restart. “Eu sabia que essa galera preconceituosa ia sair depois do NX Zero”, disse uma fã. Para os pais com filhos pequenos, foi melhor: mais espaço na pista e no frontstage, mais tranquilo para colocar os meninos na corcunda. O início do show dos coloridos foi digno de rockstars. Thominhas, o baterista, de calça amarela, entrou dançando, subiu na bateria e começou a puxar sozinho a batida de Recomeçar, que alavancou o grupo. Depois veio Koba, o guitarrista, de calça azul, seguido de Pe Lu, o outro guitarrista e vocalista, de calça vermelha, e Pe Lanza, o baixista, vocalista e sex symbol, de calça verde-limão.







A música fez com que o show começasse com um bom pique e se mantivesse assim até o final. Com apenas um CD lançado e muitas baladas no repertório, eles se desdobravam em pulos coreografados, piruetas e giros no palco para manter os fãs – que sabiam as letras de todas as músicas – animados, nada de cover para preencher o tempo do show. Com 18 anos, eles são bons ao vivo, tocam direitinho, trocam de instrumento a todo instante (destaque para o baixo com o braço cheio de luzinhas verdes de Pe Lanza) e conversam bem com o público. Mas, como todo menino que conhece a fama, eles ainda precisam aprender a lidar com ela, principalmente Pe Lanza. Ele é o preferido das meninas, canta os momentos mais dramáticos de todas as músicas e parece achar pouca toda essa exposição. Quando Koba e Pe Lu estão em seus momentos de glória, Lanza chega para brincar, cutucar, interagir. Ao final do show, até uma baqueta de Thominhas ele arrumou para jogar às fãs. Teria sido mais legal se ele tivesse se contentado em jogar seus óculos brancos (o que ele fez, de fato). Mesmo assim, eles são bacanas: corações com a mão para eles!

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